Inicialmente, é preciso dizer que este texto traz apenas uma brevíssima reflexão sobre o emergente e importante tema do METAVERSO e algumas ponderações sobre seus possíveis desdobramentos nos setores do turismo, lazer e eventos.
Para começar, aprendi que há uma diferença entre modismo, tendência
e megatendência. As duas primeiras (como o leitor pode inferir) são mais suaves em termos dos impactos em nosso dia a dia, mas a última (a megatendência) essa sim, gera mudanças profundas, disruptivas e definitivas em nossas vidas.
Para mim, o metaverso é uma megatendência!
Justifico: não fosse uma megatendência, não veríamos grandes marcas correndo ao estilo “Corrida do Ouro” em busca de um bom posicionamento nesse novo espaço, entre essas grandes marcas podemos citar: Coca-Cola, Facebook, Nike, Adidas, Gucci, Balenciaga, Tesla, Disney entre muitas e muitas outras. Uma breve pesquisa no Google e já nos deparamos com inúmeros estudos, textos, livros, podcast e vídeos que falam sobre o metaverso e a coisa só começou.
A minha vontade de escrever esse texto surgiu a partir de uma palestra brilhante, proferida no último dia 15 de dezembro de 2021, pelo Walter Longo: “Metaverso - Onde Você Vai Viver e Trabalhar em Breve” (disponível no Youtube). Fiquei realmente muito impactada com o que ouvi e aprendi. Não deixe de assistir, vale a pena!
Pelo que aprendi, o conceito de metaverso diz respeito a REPLICAR nossa vida, nossos interesses, nosso cotidiano e nossas relações no chamado “Universo Digital”. Isso significa dizer que, nesse espaço, teremos nossa casa, pets, carro, roupas... Iremos a shows, viagens, eventos, cursos, reuniões de trabalho etc. Ou seja, tudo o que fazemos na vida real poderemos fazer no metaverso, graças a equipamentos (devices) de última geração (ou até mesmo pelas telas dos computadores ou smartphones) e impulsionados pela ultravelocidade do 5G, tudo "vivido" de forma síncrona!
Ao que parece, os avanços da chamada “Tecnologia Imersiva” permitirão que nosso cérebro não consiga distinguir a realidade da ficção, ou seja, o resultado emocional daquilo que vivemos no metaverso e na vida real: será o mesmo!
Em outras palavras, viveremos numa dualidade inclusiva, sem diferenciar quando estamos em um ou quando estamos em outro e, ao que parece, diferenciar essas realidades não terá muita importância... Imagino que isso dará muito "pano para as mangas" para terapeutas, psicólogos, psiquiatras etc, mas, isso é tema para outras pessoas, com as respectivas formações nessas áreas, escreverem.
Isso posto, já podemos vislumbrar o impacto que toda essa novidade poderá gerar nos segmentos de turismo, eventos e entretenimento.
Isso não é apenas uma hipótese remota, a agência de viagem inglesa Brown & Hudson já vende “experiências” de turismo no metaverso e ela não é a única.
Fora o que já existe, poderíamos também pensar inúmeras outras alternativas em realidade imersiva para o turimo, como guias de turismo que poderiam criar seu metaverso turístico e executar seus próprios roteiros, empresas de eventos que poderiam realizar convenções, seminários, congressos, organizar feiras com estandes, vendas de cotas de patrocínio, rodadas de negócios, workshops, shows e baladas, empresas hoteleiras que poderiam, como já existe, dispor de diversos tipos de meios de hospedagem com níveis diferentes de comodidades e sofisticações, parques temáticos poderiam cobrar ingressos e oferecer inúmeras atrações e empresas de entretenimento como a Disney, como já foi citado, que já está empenhada em fincar a sua bandeira nesse novo espaço de entretenimento humano. Tudo isso com a contratação de profissionais (através se seus avatares) que seriam remunerados em criptomoedas.
Vamos Imaginar mais?
Continuando, poderíamos imaginar excursões para lugares replicados do nosso planeta ou até mesmo para lugares fictícios/alternativos, como outros planetas de metaversos variados, que tal roteiros turísticos desenvolvidos por operadoras especializadas em viagens assim, que - por sua vez, contratariam equipes, guias, condutores, profissionais de lazer, músicos, artistas, ou seja, tudo o que fosse necessário para entregar uma experiência de turismo imersivo de alta qualidade e com excelência e hospitalidade. Essas operadoras poderiam ajudar seus clientes a encontrar pacotes de viagens que incluíssem, ainda, museus, igrejas, templos, exposições de arte, compras virtuais (com entregas no endereço físico), mergulhos etc. Isso sem falar em toda a exposição que isso geraria nas Redes Sociais, com as selfies, os stories, os reels, tik-toks feitos diretamente dessas experiências no metaverso, além dos souvernis, no formato de tokens não fungíveis (NFT’s) que compraríamos em colocaríamos em nossas casas virtuais. Ufa!
Mas, você pode dizer (e com razão):
- Ah, mas nada se compara a viajar de verdade, sentindo na pele a emoção.....
Você tem toda razão! Mas, que tal usar um pouco de sua empatia e imaginar, por exemplo, as pessoas que não têm condições de viajar, por conta de diversas limitações (pessoas acamadas, com severas limitações motoras, idosos etc), para essas pessoas a viagem, o evento, lazer e o entretenimento via metaverso é um presentão da evolução humana!
E por falar em empatia, é preciso também fazer um contraponto e refletir sobre a grande parte da humanidade que não tem como ter acesso a tudo isso.
Em que pese todo o ganho que essa nova fronteira da tecnologia poderá nos trazer, é preciso também refletir sobre o abismo que existe entre aqueles que poderão ter acesso ao metaverso, por possuírem condições de pagar por devices (equipamentos), serviços de 5G, transações em criptomoedas e até mesmo o know-how para transitar nesse universo (aqui me refiro aos low-techs, ou seja, aqueles que não sabem usar a tecnologia) e aqueles que, pela gigantesca desigualdade social que existe em nosso planeta, ficarão completamente alheios a isso, ou seja, o metaverso poderá também ser interpretado (o futuro dirá) como um universo muito excludente (será?).
Além disso, penso eu, há ainda a possibilidade de que sejam replicados no metaverso toda essa imensa gama de comportamentos hostis e inóspitos, próprios da humanidade, mas sejamos esperançosos e vamos (também) acreditar que o metaverso pode abrir espaço para uma metahospitalidade.
Voltando ao metaverso, imagino a minha mãe, com seus quase 90 anos podendo “viajar”, por meio da realidade imersiva para lugares que não mais poderia ir, dadas as suas limitações físicas. Fico imaginando também, eventos, shows, viagens e sobretudo o impacto avassalador que o metaverso vai causar na educação de todas as gerações!
É bem verdade que ainda há muito que evoluir nessa área, muitas discussões sobre vários aspectos (humanos, tecnológicos, sociais, econômicos etc) e, também vale ressaltar que alguns fatos contribuíram enormemente para o fortalecimento dessa megatendência: a pandemia da COVID-19, por exemplo, foi talvez o maior e mais decisivo deles. Essa pandemia não só exponenciou todo esse processo (que já vinha em curso), como nos empurrou (na marra) num test-drive de conexão digital, nunca visto ou experenciado.
As redes sociais, por sua vez, também foram e são (de acordo com Walter Longo) um grande treino para o metaverso, uma vez que a partir delas já vivemos uma vida paralela (não exatamente igual à vida real), mas cada vez mais interligada. Nas palavras de Longo:
com a evolução dos avatares, graças ao empenho de empresas como a Unreal Engine, será ainda mais fácil (e rápido) a nossa inserção e identificação nesse novo mundo, no qual poderemos trocar o:
“BE ALL WHAT YOU CAN BE” pelo
“BE ALL WHAT YOU WANT TO BE”
(traduzindo, trocar o "seja o que você puder ser", pelo "seja o que você quiser ser")
Para ilustrar sobre o que estamos falando, veja no vídeo abaixo um pouco da surpreendente evolução dos avatares.
No metaverso tudo parece ser possível!
Acredito que quem se posicionar primeiro nesse novo cenário terá grandes vantagens competitivas, vai "beber a água mais limpa", isso vale também para empresas do setor de turismo, de eventos, de lazer e entretenimento.
A Quarta Revolução Industrial e suas características: inteligência artificial, deep learning, machine learning, robôs etc, parece ser mesmo um “novo renascimento”, mas, tudo dependerá de como a humanidade receberá, se adaptará e adotará novos comportamentos a partir de todos esses cenários.
Dá medo, sobretudo para quem, como eu, nasceu na década de 60.
O fato é que o metaverso chegou para ficar e, graças a ele, agora (mais do que nunca), vai fazer sentido aquela frase que a gente dizia há uns vinte anos: “Eu vou ENTRAR na internet”. Sim, agora você vai mesmo!
E você? O que pensa sobre isso?
Até a próxima, pessoal!!!
PS: Agradecimentos aos colegas e amigos que leram e revisaram esse texto e sugeriam muitas ideias boas, a saber: Daniela Tinoco, Fernando Silva, Marcelo Camilo, Ana Judite Oliveira e Dayvyd Lavaniery.
Saiba mais:
Kadmo, muito obg pelo seu comentário. Fiquei mt feliz em ler a sua análise e concordo com ela. Precisamos estar atentos às tendências pq nesses novos tempos tudo muda (aparece e desaaparece) numa velocidade estonteante. Mt obg pela sua participação
Tema interessante e atual, Contudo fiquei um pouco pensativo e temeroso no sentido do "perigo constante" de não diferenciar realidade e virtualidade.
Já temos/vivemos inúmeros problemas morais, éticos, eu diria - problemas humanos, com o cenário já posto, imagina com a popularização dessa nova realidade?
O que teria de sujeitos vivendo e acreditando em realidades fantasiosas e deixando de viver e se conectar com a realidade, que mesmo não sendo perfeita, é a "verdade". Muitas questões surgem a partir disso.
Certamente vou complementar com outras leituras. Parabéns Juliana pelo tema e forma como foi abordado. Conseguiu plantar a semente da pesquisa e da busca por mais informações. Gratidão por tudo.
Muito antes de se falar em metaverso, eu pensava um pouco. Além mas não acreditava bem no que pensava ou mesmo, não entendia. O que pensava. Cheguei a imaginar, criar na mente algumas situações. Em um momento, consegui pôr em prática uma dessas viagens da mente. Fui a Ana representando nosso destino. Imaginei que poderia fazer com que as pessoas pudessem viver um pouco de Natal sem pegar. Um vôo, um carro e se locomover até nossa cidade. Pois vem, coloquei um Buggy no stand, consegui os óculosulos de realidade virtual e produzimos vídeos. Em 360° dos famosos passeios de Buggy. O resultado foi que nosso stand virou atração e com certeza, conseguimos colocar na cabeça de muita gente que…